segunda-feira, 2 de junho de 2014

Impala 60 customizado. Uma nova experiência para mim.

Que eu sou um grande admirador de carros, isso não é novidade para ninguém. Mas eu não me considero um especialista em  montar carros, tirando o básico, um aluno ou outro que aparece para aprender, quando o assunto fica muito especifico para mim, eu encaminho para outros grandes modelistas, esses sim especialistas em carros. Mas nessa ocasião, o modelo tinha um apego pessoal, era para vitrine de um amigo meu de infância, meu amigo mais antigo e um dos melhores, então eu não podia delegar esse serviço a terceiros.
Meu amigo é um apaixonado pelos muscle cars e pela cultura low-rider. O desafio seria fazer algo muito customizado e modificado, para ele ficar satisfeito, e para que eu treinasse algumas técnicas inéditas para mim até então.
motor big-block vermelho. Original do kit com acréscimos
fiação.
Destaque para a mangueira de água em malha de
alumínio. 
O modelo escolhido foi um impala 1960 Revell - USA.  Sobre o kit não há muito a ser dito. Esse "tijolinhos" da revell e da amt (hoje ambas são a mesma marca, mas já foram concorrentes no passado) nutrem os automodelista com razoável satisfação. O kit está longe de ser perfeito, ele tem falhas crônicas em alguns encaixes, erros na geometria, linhas de injeção mal manejadas nas peças, algumas folgas e tudo mais, e algumas problemas tornam o kit não recomendado a modelistas inexperientes. Mas o kit não é só problemas. Tirando algumas falhas, o kit tem uma engenharia satisfatória, uma quantidade muito boa de peças, a medida certa entre simplicidade e overpart (mais peças que o necessário), e apesar da temática low-rider do modelo, as opções para monta-lo original de fábrica então lá. Na minha opinião, um kit acima da média, nota 7. O kit é uma tela em branco, ele tem o básico para que se possa trabalhar bem as modificações.
A diversão deste projeto foi caçar tudo o que poderia ser acrescido ao modelo para que ele pudesse ficar cada vez mais exclusivo. Rodas, tintas especiais, fiação, tapetes, caixas de som, cintos de segurança e etc... O desafio foi achar a harmonia entre a altura desejada para o carro, as rodas, a suspensão e os para-lamas. Acho que é a mesma dificuldade para quem rebaixa os carros de verdade.
O motor foi feito com o máximo de cabos e detalhes que me foram possíveis fazer. Nesses kits é comum termos bons motores mas carentes de pequenos detalhes que fazem a diferença. Um deles é a mangueira de agua do radiar feita em malha metálica.
Assoalho feito com a técnica da tinta esmalte escovada. 
O assoalho do carro foi feito com a técnica da tinta escovada, onde se aplica uma mão de tinta acrílica metálica, uma mão de tinta preta ou cinza escura de esmalte, e se remove a tinta esmalte com um pincel duro e água rás. Foi visado ressaltar todos os detalhes do modelo, usando os preceitos do "super-realismo". As bandejas verdes podem parecer estranho, mas eu me espirei em alguns low-riders que eu achei pesquisando que tinham esse detalhe colorido, achei legal reproduzir.  Outro detalhe é o cabo de freio laranja, presente apenas para se destacar e chamar a atenção.
A pintura da carroceria foi feita com no esquema saia e blusa, usando um branco perolado dulco e verde candy poliéster. O brilho é resultado de verniz PU. Um detalhe curioso é que geralmente utilizamos esse tipo de verniz com catalizador, tanto que o nome dele é "Verniz PU bi-componente", porem nessa carro foi utilizado o verniz sem o catalizador, depois que alguns problemas em pituras anteriores ocorrem devido ao catalizador. A secagem do verniz se estende muito sem o catalizador, mas acaba se tornando uma forma eficiente de retirar todas aquelas bolhinhas da pintura que aparecem no verniz.
No final a experiencia de montagem foi bastante satisfatória. Entre algumas intercorrências, algumas peças que não se encaixam, as rodas que penaram para ficarem no lugar, a experiencia de montar um carro totalmente customizado deveria ser experimentada por todos os modelista. Estar "por conta" em um modelo e poder fazer o que quiser com ele é algo muito legal. Nenhum novo carro a vista, vamos ver quando terei a chance de por a mão num possante desses novamente.  

sobre o carro:

Bandejas verdes para combinar com o carro. Catalizadores e
silenciadores foram pintados com titanium gold da tamiya
e queimados com clear azul.
O impala nasceu em meio ao glamour dos finais dos anos 50 para ser o carro mais luxuoso da chevrolet até então. Seu alvo era outros grandes sedãs da epoca como o ford Galaxie e o Plymouth Fury. Teve sua estreia em 1958, e sua primeira geração ficou muito famosa pelo seu rabo de peixe. O carro logo conquistou as ruas e se tornou um dos lideres de venda em sua categoria. De inicio ele dividia a mecanica com o chevrolet Bel-Air, sendo possivel a escolha de 3 motorizações, sendo elas o classico 6 cilindros em linha de aproximados 140 cv (o mesmo motor do nosso opala aqui no brasil), o 8 cilindros em V conhecido como small-block, com aproximados  200~250 cv (dependendo do ano), e o mítico 8 cilindros em V Big-Block, o motor mais potente da marca até então com aproximados 390~450 cv. 
Cabo de freio laranja para destaque.
Dois anos depois de seu lançamento a chevrolet o redesenhou por completo. A segunda geração (que é a do modelo montado) veio para não apenas mudar a estética do carro, que aos poucos deixava sua linhas futurísticas e exageradas e ganha tons mais sóbrios e retos, mas tambem uma repaginada em todo o sistema de suspensão, visando dar mais segurança a um veículo tão pesado. 
Diferencial pintado com cromo da Alclad. Contraste com os
cabos de freio laranja e a mangueira de combustível
em vermelho anodizado. 
Ao passar dos anos, o impala se tornou um carro mítico, com centenas de versões, e hoje se encontra na décima geração. Seu modelos mais antigos são adorados e cultuados por colecionadores, e no inicio dos anos 80, quando a crise do petroleo desvalorizou muito os preços dos carros usados nos EUA, tais carros acabaram nas periferias das grandes cidades americanas, e em meio as guerras de gangs, o hip hop e a explosão da comunidade latina na América, o impala se tornou umas das plataformas mais utilizadas no nascimento da cultura low-rider. Um carro considerado Low-rider é aquele muito customizado, de cores vibrantes, e que passa a poucos centímetros do chão. É muito comum ver nesses carros um sistema super sofisticado de suspensão hidráulica ou pneumática, que não só ajustam a altura do carro, mas faz com que o carro pule do chão. Para isso, é necessário com complexo sistema de compressores, baterias, alternadores e câmaras de expansão, e tudo isso demanda muita potencia extra do motor, e principalmente, muito espaço dentro do carro para guardar isso tudo. Mais um motivo para que o impala seja um dos carros favoritos dos praticantes dessa customização, já que potência ele tem de sobra, e espaço nos porta-malas mais ainda.     






Painel 

A foto mostra a acomodação das rodas no chassi e a altura do carro em relação a mesa.

Caixa selada e modulos.

Nessa foto é possivel visualizar a acomodação da roda dianteira no chassi, e a
quantidade de cabos e mangueiras adicionadas ao projeto.

Uma foto dele terminado. As lentes amarelas foram feitas com Clear Yellow tamiya

Motor acomodado dentro do cofre. Espaço para mais nada


Dados de pelúcia, item indispensável. A revista no painel trata só de low raiders

Nessa foto é possivel ver como as rodas ficaram embutidas dentro do para-lama. Também é possível ver
as ponteiras dos escapamentos feitas a mão e parte do sistema de som instalado no porta-malas.

Um pouco do interior do carro, que seguiu o mesmo padrão da pintura, branca acetinada com os painéis e vinis verdes claro.

Foto do modelo pronto com as portas fechadas mostra como o primeiro modelo da segunda geração dos impalas
iniciava o fim das linhas futurísticas (parte dianteira), mas ainda com alguns detalhes que remetiam aos modelos da primeira geração (parte traseira).