segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Gloster Meteor TF 7 FAB

Projeto Gloster Meteor TF-07 FAB



problemas com gap e folgas em
quase todo modelo
Tentativas de desempenar
a fuselagem
Todo mundo que já montou um kit em resina, sabe o tamanho do tormento que é. Sinceramente é difícil de dizer o que acontece... No mercado existem um milhar de sets de resina para melhoramento de kits, e a grande maioria é muito boa, mas os fabricantes tem uma enorme dificuldade em imprimir essa qualidade quando se trata de um modelo inteiro. Existem os bons kits de resina? Sim! Mas para cada kit bom em resina, existem outros 10 que não valem o peso deles em epox...
Kit feito em vários tipos de materiais.


Primer PU bem caprichado 
Pois bem, me deparei com um modelo desses... Fui procurado para executar um projeto lindo, uma belíssima homenagem a um piloto brasileiro, pioneiro nos Glosters Meteors no Brasil. O projeto incluía o avião e um belíssimo diorama a ser confeccionado baseado em uma foto de época, tudo na escala 1/72, minha escala “queridinha”. Mas nem tudo são flores... A beleza desse projeto parava no kit disponível. O meu contratante apareceu com o Gloster Meteor Tf-7 da nacional commando 5.
Pre-shadding com preto acrílico antes do alumínio 
O kit é um “short range” de péssima qualidade. Ao avaliar o projeto, deixei bem claro ao meu cliente que algumas falhas do modelo seriam corrigidas, mas não todas, pois isso beiraria o impossível, e o preço final do projeto seria impensável para um modelo 1/72. Tirando esse detalhe menor, o modelo poderia sim ser executado.
Na minha humilde ignorância eu pensava que havia chegado no ápice da ruindade em um kit quando montei o Sr-72 1/48 da Testors. Mas esse supera qualquer coisa... Não houve uma peça sequer no kit que não precisou ser ou corrigida, ou consertada, refeita, ajustada, ou ambas... nenhuma!!!
alumínio extra fino aerotech
A fuselagem envergada sofreu os mais absurdos e enigmáticos métodos de endireitamento... quase em vão... A escolha da resina para as copias não foi a melhor sem duvida. O material é poroso, cheio de bolhas em lugares importantes, muito frágil em alguns pontos mais finos, difícil mesmo de lidar. A ruindade da resina quase ofuscaram a tortuosidade e falhas dos trens de pouso em metal (chumbo). Mas não conseguiu disfarçar a ruindade da transparência! Afff... o que era aquilo???? A parte mais delicada do kit veio totalmente envergada, e quase não deu para aproveitá-la. O arremate da peça precisou ser enorme! Mas antes de me entrever com a transparência, as duas metades da fuselagem já haviam dado um show de ruindade. Alem da tortuosidade já relatada, as metades vieram com um gap entre elas que em alguns pontos chegou a mais de 5mm (!!!!!), sendo preciso enxertar muito material. Nada de massa ou puty, foi tiras de estireno, cola de fusão e muito bonder!
figuras preiser 1/72 modificadas
Um kit com tantos problemas, é até difícil tirar alguma coisa dele... A pintura lisa no alumínio penou para sair, e nem de longe é o melhor trabalho em alumínio exposto que eu fiz. A pintura teve uma camada bastante generosa de primer poliuretano, já que além do kit ser de resina, partes do avião eram feitas em resinas diferentes, uma vermelha mais fina e quebradiça, e outra azul, mais solida e dura, mas com muitas bolhas, e ainda as peças em chumbo mole.
A pintura foi feita com alumínio extrafino acrílico da Aerotech, com aplicação de um pré-shadding antes da aplicação do alumínio.
Mas o resultado final ficou interessante! Particularmente gostei do resultado final do diorama. As figuras foram feitos a partir de figuras da Preiser, o cenário foi feito com estireno e isopor. O acabamento das bordas foi feito com massa para modelar, cores cinzas e washed. Espero que gostem!

Sobre o Gloster Meteor:

Já ao final da primeira guerra mundial, os engenheiros e pilotos já experimentavam as limitações da propulsão a hélice nos aviões, e desde os anos 20 engenheiros aeronáuticos civis e e militares já repensavam novas formas de propulsão para os aviões. Embora as ideias tendenssem à época para a propulsão a foguete, alguns engenheiros trabalhavam de forma paralela em um novo formato de motor que misturasse o conceito de combustão interna e propulsão por exaustão de gases em alta velocidade.
Esse é um dos casos em que engenheiros diferentes em países diferentes, trabalhando em paralelo, chegavam as mesmas respostas ou a soluções muito parecidas. Era o caso do jovem engenheiro britânico Frank Whittle, que desenvolveu um projeto de motor onde uma série de hélices confinadas geravam o propulsão, e o que movia essas hélices seria uma turbina a gás. (Quem entende de motores a jato deve ter notado que este é um esquema muito parecido com o que é um motor a jato hoje em dia). Whittle ofereceu sua patente ao comando da RAF em troca de patrocínio para o projeto, mas isso não aconteceu de início, e Whittle acabou fundando sua própria companhia, a Power Jets Ltd., para poder desenvolver sua tecnologia.
Mas na segunda metade dos anos 30, com a eminência da guerra, e com os Alemães próximos de alcançarem a propulsão a jato, além de EUA e URSS também estudando a propulsão a reação, a RAF começou a olhar para Whittle com outros olhos. Seu escritório ganhou não só o patrocínio real, mas recebeu um pedido de um protótipo para testes até o final da década. Com o “Motor Whittle” pronto, o projeto foi entregue a Gloster Aircraft Co para o desenvolvimento de uma aeronave. Em 1941 voou pela primeira vez uma aeronave a jato nos moldes que conhecemos hoje, o Gloster E28/89, uma pequena aeronave experimental movida por um motor Whittle. O avião obteve bons resultados nos testes, principalmente em aspectos onde as hélices convencionais ainda falhavam, como altas altitudes e velocidades acima de 350 mph.
Em 1942 a RAF encomendou a Gloster e a Whittle um avião que utiliza-se tais tecnologias empregadas na aviação de caça, já que os boatos de que a Alemanha estava muito próxima de seu caça a jato 262 (que depois, viria ter seu lançamento atrasado pelo próprio Hitler num erro estratégico). Desta demanda nasceu o Gloster F9/40, o protótipo do que viria ser o Meteor F 1, um robusto caça movido por dois Jatos Whittle embutidos nas asas. A arma para desafiar os 262 chegou tarde em operação, apenas no final de 1944, e com a guerra tomando a proa final dela, o alto comando da RAF usou de muita cautela no Meteor com medo de expor seu projeto secreto ao inimigo. Os F 1 ficaram confinados ao território britânico, e as poucas unidades fabricadas serviram para adaptação dos pilotos para novas tecnologias (prevendo que o futuro da aviação estava na propulsão a reação) e na nobre função de patrulha contra os misseis V-1. O Gloster era o único aparelho britânico capaz de interceptar os foguetes alemães, sua eficiência era muito menor do que o aumento da moral na população civil e nos militares que tais interceptações causaram. Curioso salientar que o primeiro (e o segundo e depois alguns outros) V-1 abatido por um Gloster foi derrubado não pelos canhões do avião, que haviam travado, e sim com uma manobra onde o piloto moveu a ponta da asa de seu Gloster Meteor F 1 bem próximo a asa do foguete V-1, causando uma leve instabilidade no foguete, o suficiente para embaralhar o sistema do giroscópio do foguete e fazendo com que ele caísse bem longe de seu alvo...
Seu uso na guerra foi muito pontual, e seu sistema a propano havia falhado pouco, mas incomodava o comando da RAF, que acabou entregando as patentes de Whittle a Rolls-Royce para que ela produzisse um motor mais barato, eficiente, de maior produção e que usasse combustíveis convencionais. A segunda versão do Meteor, a F 3, ganhou o novo motor modificado, parecido com os esquemas originais de Whittle, mas agora o motor era movido a querosene de aviação, e havia ganhado um saída de exaustão maior e mais alongada. Essa mudança tornou o avião mais prático e usual, totalmente inserido no cenário dos motores a reação até hoje, e foi importante para a importância que o avião teve na sua carreira no pós guerra.
O Gloster Meter se tornou o grande avião “faz-tudo” da RAF nos anos 40 e 50. Foi o principal treinador de pilotos para a nova tecnologia, um excelente avião de reconhecimento e ataque ao solo, cobaia para testes de aviões a jatos em diversos usos, como os que testaram os pousos de jatos em porta-aviões, os que testaram o sistema de propulsão a turbo-hélice, os que testaram os sistemas de acentos ejetores e etc... Houve também os modelos “narigudos” que eram equipados com os mais potentes sistemas de radar da época. Sua versatilidade o levou ao mundo todo, e se tornou um item de exportação para vários países que se aproveitaram das vantagens do Gloster Meter para desenvolverem a aviação a jato em seus países.

Meteor no Brasil
O Brasil é um desses países que adquiriram o Gloster meteor nos anos 50. Todos os países que quisessem adquirir as versões de caça do Meteor como o F 8, a Gloster e o governo Britânico oferecia um pacote que incluía unidades da versão treinadora de dois lugares, o T 7. Com o Brasil não foi diferente. Os Glosters Meteor vieram de uma negociação como o governo Britânico, e foram pagos aos ingleses com commodities bem Brasileiras, como madeiras nobres da amazônia e algodão cultivado no paraná. As primeiras unidades foram entregues em 1953, e voaram até meados de 1971. Como em outros lugares do mundo, sua principal função no Brasil era a vigilância do espaço aéreo, reconhecimento e ataque ao solo, mas o que o Meteor foi bom mesmo foi na introdução da força aérea brasileira a essa nova realidade que é a propulsão a jato, até hoje por sinal, e preparou pilotos e mecânicos para as novas tecnologias dos séculos XX e XXI. Mas logo o Meteor, um projeto dos anos 40 reciclado, ficou obsoleto, tanto na sua performance quanto no seu Layout de motores embutidos nas asas, suas asas convencionais com diedro positivo e sem enflechamento e sua deriva esbelta, não condiziam mais com os novos aviões em delta, motores enormes dentro das fuselagem, derivas robustas e velocidades muito além das do som... Cumprindo muito bem suas funções nos anos 50 e 60, o Gloster Meteor F8 e seu treinador TF 7 (a versão do diorama) deixaram a cena de forma elegante, como todo Britânico, para os novos equipamentos como o F-5, Mirage, Amx e outros...




















"Olha a foto!!"





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