quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Storch 1/48 Tamiya, sem surpresas, ele é tudo aquilo mesmo!!!




Olá amigos modelista. Hoje irei falar de uns melhores kits da minha vida. Mas não foi surpresa nenhuma, o kit foi pensado para isso, e quando o comprei e o iniciei, sabia exatamente onde estava me metendo... As vezes, por motivos diversos, me deparo com kits antigos da tamiya, principalmente de militaria, e quase sempre o que encontramos são kits simples para o padrão de hoje, mas que ao serem montados são bastante satisfatórios, com uma precisão nos encaixes das peças que impressionam mesmo nos padrões modernos, muitas marcas novas não chegaram a essa precisão que a tamiya já tinha nos anos 60!
O que pensar então de um kit Tamiya do século 21!? O kit impressiona desde o começo, na hora da compra. A Tamyia escolheu o Storch, um avião muito importante para história da aviação e da segunda guerra, para ser se 100º avião 1/48, e eles não deixaram isso passar despercebido, o kit é um presente aos colecionadores, com uma caixa com uma contracapa super caprichada, versões para todos os gostos, desde as de deserto, passando pela versão do avião particular de Erwin Rommel (a minha escolhida), versões Europa e versões inverno (com direito a ski e tudo...), mascaras de pintura semi-prontas (não vieram cortadas como as da Eduard), photoeched, peças em metal e resina, figuras de escultura excepcionais e mais acessórios para uma composição de uma vinheta.

A montagem do kit é complicada, não recomendo a alguém que esteja começando. Não que haja falhas ou peças que não se encaixem, muito longe disso, o kit é perfeito nos encaixes e possui muito pouca funilaria a ser feita, apenas um pouquinho no dorso do avião logo depois do canopy, ontes da fuselagem se afinar. A dificuldade está na engenharia aplicada ao kit. Tudo funciona, desde que seja seguido a risca o manual, passo a passo, sem margem para esquemas próprios de montagem (todo modelista tem, poucos são aqueles que seguem a risca um manual).
Pessoalmente não acho que esse kit mereça ser melhorado, mas como minha opção seria fazer com o motor exposto, somente o que vem no kit não foi suficiente. Acresci ao motor uma chapa dissipadora entre os blocos de pistão, cabos de velas, alguns outros cabos, e pronto, nada de mais complexo precisou ser feito.
Na pintura, foi utilizado tintas automotivas, e foi aplicado a técnica de pré-modulação de cores com aerógrafo, que consiste em, sem modificar as cores a serem utilizadas e utilizando diferentes níveis de saturação de cores com o aerografo, a pintura já sai desde a primeira mão de tinta com marcas de desbotamento, envelhecimento e desgastes diversos. Alguns efeitos foram reforçados posteriormente com técnicas de sombreamento (minha opção sempre é a tinta smoke da tamiya aplicada bem diluída com aerógrafo), filtros com tintas óleo e washed com tinta esmalte. A camuflagem foi aplicada com um aerografo 0.3 com trava de curso (no caso um aerógrafo tamiya) e tinta automotiva. O acabamento final foi feito com verniz Dulcote fosco da Humbrol.

O Avião


Citei que esse avião é muito importante para a história da aviação, mas ele não é tão conhecido como os caças e os bombardeiros da época, mas sua importância deve ser reportada.
O Fieseler Storch 156 nasceu no final dos anos 30 de um licitação alemã para o desenvolvimento de uma aeronave multiúso, com foco estratégico em voos de observação e ligação, que utilizasse o motor Argus As 10 de 8 cilindros em V e 240 cavalos, e que tivesse as qualidades de pousar e decolar em curtíssimas distâncias.
Em 1935 muitos fabricantes apresentaram seus protótipos, mas o modelo da Fieseler superou todas as expectativas, e acabou ganhando a licitação com facilidade. Isso se deve a sua mistura de simplicidade (asa alta, trem fixo, comandos simples) e sua sofisticação (asas com freios, compensadores, slats, ailerons e flaps, todos reguláveis, alem de ângulo de ataque dos profundores variáveis, asas dobráveis para armazenamento outras coisas mais...). Seus números surpreende até hoje. Um storch pode decolar com apenas 80 metros de pista, e pousar com apenas 60 metros. Sua velocidade era baixa, 175 km/h de máxima, nada espetacular mas que deixa a aeronave um alvo muito difícil para caças (de fato, os relatos de abate por outros aviões são raros, os abates mais comuns eram por falhas mecânicas e artilharia, nessa ordem). Sua grande carga alar fazia com que ele voasse a 15000 pés (4600 m aprox), uma altura considerável para época ao se tratar de um motor de 240 cv (durante a guerra, algumas versões chegaram a ter 300 cv, mas foram poucos e a performance não mudava muito). Sua características de STOL (short take-off an landing) deram a ele inúmeras funções. Era capaz de pousar em asfalto, terra, grama, areia, gelo, em avenidas, parques, clareiras e etc... e logo, todos os núcleos das forças armadas acharam funções para o storch. Ele foi o avião de observação mais bem sucedido da guerra, graças a sua “facilidade de voar”, ele podia sobrevoar a cabeça do inimigo por horas, sem que fosse percebido (o motor fraco ainda ganhava silenciadores no escapamento, a apenas 5000 pés de altura, já não era mais possível escutá-lo do solo), e mesmo que o adversário usasse radar, sua estrutura leve de tubos de alumínio entelados com lona fazia com que sua leitura no radar fosse possível nos dispositivos mais sofisticados da época apenas, e mesmo assim uma leitura bem pequena e ruim.
Mas ele não ficou apenas com a função de observação. Ele foi usado para ligação, transporte, instrução e treinamento, avião ambulância e estação de comando, todas funções exercidas com exito. Sem tanto exito foi a aplicação de caça bombardeiro, ou bombardeiro tático, isso porque sua capacidade de carga era pequena, e ao aproximar-se dos alvos, o avião ficava vulnerável a artilharia. A aeronave foi utilizada por todos os países do eixo, sem exceção, e ainda foi fabricado pela união soviética pela Antonov, como parte do acordo de não-agressão entre Alemanha e URSS, a Alemanha cedeu aos russos o projeto do avião como forma de mostrar boa vontade. E ainda foi utilizado pelos ingleses, que possuíam unidades capturadas. Após fim da guerra, a fabrica francesa Morane-Saulnier o fabricou com o nome de Criquet até a metade dos anos 70, com diversas modificações na motorização.
Se você ainda duvida da importância dele, vai alguns fatos sobre esse avião:


  • Foi oficialmente o primeiro avião Alemão a decolar na Segunda Guerra Mundial para dar apoio as tropas e ao ataque aéreo na polônia na madrugada do dia 1 de setembro de 1939.
  • Foi o ultimo avião Alemão abatido durante a guerra, alguns minutos antes da assinatura da rendição. As causas do abate não são confirmadas, apesar de um piloto americano que pilotava um outro avião de transporte afirmar que tenha abatido o avião ao acertar o piloto do storch com sua arma de mão. Como disse, essa versão não foi confirmada.


  • Erwin Rommel, Heinz Guderian, Adolf Galland, Karl Dönitz e quase todos os outros oficiais de primeiro escalão da Alemanha na segunda Guerra possuíam seus próprios Storchs para serem usados como ligação e observação.


  • Benito Mussolini foi resgatado de storch em 18 de setembro de 1943, quando furtivamente um storch pousou a noite na Itália invadida sem ser percebido pelos aliando e conseguiu ser levado a Alemanha.


  • Em 10 de maio de 1941, Rudolf Hess pilotou ele próprio seu storch até a Escócia, onde pensava que iria negociar sua rendição e da Alemanha, mas foi preso imediatamente ao pousar e foi julgado apenas em Nuremberg, ao fim da guerra.


  • Durante a “Batalha de Berlim”, centenas de fugas foram protagonizadas pelos Storch. Devido sua discrição e principalmente pelas suas características de STOL, era o único avião disponível capaz de pousar nos aeroportos destruídos, além de relatos de pousos em avenidas, parques, campos de futebol e até no zoológico de Berlim. A aviadora aventureira Hanna Reitsch pouso seu próprio Storch em uma avenida próxima do Bunker em abril de 1945 para resgatar Adolf Hitler. Muitos acreditam que isso de fato aconteceu, mas a versão oficial diz que Hitler dispensou Hanna para que ela e seu marido se salvassem e a agradeceu por isso. Também foram encontrados em um prédio próximo ao bunker dois Storchs armazenados prontos para voo. Os soviéticos que os acharam acreditavam que se tratava de aeronaves de fuga de Hitler e sua amante.


  • Alem da segunda guerra, o Storch, ou o Criquet francês, foi utilizado em guerras na Indochina, Vietnã e Argélia.
    Sem duvida está provado a importância desta pequena aeronave na história da aviação.
    Um forte abraço e até a próxima!