sexta-feira, 11 de julho de 2008

King Tiger, o rei sem reinado.


Alguém disse para os alemães durante a segunda guerra que “quanto maior, melhor”, e eles levaram a risca, mas na realidade as coisas não funcionam bem assim.
Em 1941, a Alemanha já possuía um colosso em sua linha de montagem, era o tanque Tiger. O Tiger era o maior tanque efetivamente produzido na guerra até então (existiam maiores, mas eram protótipos e acabaram não vingando). O Tiger era uma fortaleza sobre esteiras, seu nome soava nos frontes aliados como uma maldição, sua reputação era maligna. Um tiro de seu canhão de 88 mm podia rachar um Sherman no meio há mais de um quilometro de distancia. Era o pesadelo de americanos e ingleses. Mas a sua fama superestimava demais sua eficiência.
O Tiger tentou inovar demais, e acabou falhando em muitos aspectos. Ele era pesado demais, mesmo com aquelas enormes esteiras, atolava com facilidade. Seu motor, uma modificação de um motor de trator, era fraco demais para ele e trabalhava em uma rotação elevada demais para o serviço que fazia, dando muitos problemas. Os mecânicos chamavam o Tiger de “Relógio Suíço”. Parece bom, mas eles deram este nome porque só um relojoeiro conseguia entender sua mecânica. Cada peça de sua mecânica era única, não havendo duas peças iguais em sua mecânica. Uma peça que fora feita para o lado esquerdo não servia de jeito nenhum do lado direito. Alem disso, o Tiger era fabricado em mais de uma linha de montagem, e algumas partes do tanque mudava de uma linha para outra, tornando inútil à idéia de reaproveitamento de peças numa manutenção em campo. Não tinha jeito, se um Tiger desse problema, ele tinha que ser embarcado em um trem e ser despachado para Berlim.
Sua fama foi conquistada graças aos “heróis” que o pilotavam. Por ser uma arma cara, apenas a elite tinha acesso ao Tiger, “ases” dos tanques que conseguiam trabalhar com as adversidades e com as coisas boas que o Tiger tinha, como uma blindagem quase inexpugnável e o canhão mais letal já montando em um tanque até então.
Mas estes altos oficiais que comandavam os Tiger já estavam se irritando com as falhas de projeto do tanque, e usavam suas influências em Berlim para que algo fosse feito. Houve casos de devolução de Tiger por parte de algumas divisões Panzer, outras divisões não incluíam Tiger’s na guia de reposição, pedindo para que viesse em seu lugar o tanque Panther (antecessor do Tiger, mas considerados por muitos autores o melhor tanque da Alemanha na segunda guerra).
Em maio de 1943 iniciou-se uma licitação para a criação daquele que viria substituir o Tiger. A licitação pedia um tanque “pesadíssimo”, que comportasse a maior blindagem já vista em um tanque e o novo canhão de 88mm, o KwK43 L/71 da Krupp. Duas empresas entraram na briga, as mesmas que entraram na licitação do Tiger, e eram o estúdio de Design Porsche e a Corporação Henschel.
Ferdinand Porsche apresentou duas versões, modificações de seu chassi que já havia concorrido para ser o Tiger I e que eram usados nos canhões altopropelidos Ferdinand e Elephant. Este chassi foi considerado “revolucionário demais” pelo Waffenamt (setor de desenvolvimento armamentista alemão), temendo que o chassi Porsche se tornasse um estorvo ainda maior que o atual Tiger. A polêmica dos chassis Porsche era principalmente devido a sua transmissão. O enorme motor a gasolina de submarino era na verdade um gerador, assim como eles eram nos submarinos, que gera eletricidade para dois motores elétricos, ligados diretamente a roda dentada. Este é o sistema atual de muitas maquinas pesadas como tratores, escavadeiras, locomotivas e até mesmo tanques de guerra, mas em 1943 seria arriscar demais com uma tecnologia que estava dando seus primeiros passos. A intenção era das melhor, já que com isso, centenas de peças da transmissão passiveis a quebra seriam retiradas do tanque, e num futuro próximo, tal peso aliviado da transmissão seria compensado por baterias, assim o tanque poderia rodar por algumas horas com os motores desligados, tornando-se uma arma silenciosa para emboscadas (e isso realmente aconteceu, mas com tanques americanos e ingleses, logo após a guerra). Mas não havia na época motores elétricos eficientes e compactos para o serviço, nem uma forma segura de sincronizar o funcionamento dos motores, nem mesmo mão de obra qualificada para a manutenção em campo destes sistemas elétricos.
Ao contrario do estúdio de Porsche, a Henschel era uma grande corporação e estava mais interessada em criar algo menos revolucionário mas que ela pudesse produzir o quanto antes. Meses antes do inicio da licitação, a Henschel havia assinado um acordo com a MAN, empresa que fabricava o Panther, de ajuda mutua. Para o desenvolvimento do sucessor do Tiger (chamado provisoriamente de Tiger II mas que no final acabou ficando com o nome), a MAN cedeu a Henschel um chassi na qual ela estava trabalhando num projeto paralelo e independente, o panther II, que nada mais era do que o chassi do Panther redimensionado. A mecânica do Tiger II era tradicional, baseada na mecânica do Tiger I porem normatizada. O problema de incompatibilidade de peças foi (em partes) resolvido e o tanque recebeu partes iguais, como por exemplo a suspensão, que era feita toda com as mesmas peças, podendo ser intercambiada de um lado do tanque para outro, ou de um tanque para outro. E foi feito deste jeito todas as partes mecânicas do tanque. O motor era uma versão modificada do motor do Tiger I ausf.E.
Em outubro de 1943, o Tiger II da Henschel foi aprovado para a produção. Num acordo de cavalheiros, intermediado pelo governo alemão, acertou-se que quem fabricaria a torre o Tiger II seria a Porsche, mas apenas 50 Tigers II saíram com a torre da Posche por dois motivos. O primeiro era a complexidade de fabricação da torre. Ele possuía partes arredondadas e abauladas, características que prejudicam a produção em massa. Outro motivo era a parte dianteira da blindagem da torre. Ela possuía uma falha no projeto que fazia com que disparos inimigos que se chocassem com a parte inferior da blindagem fossem ricocheteados para a cabine no condutor. E realmente aconteceu, com dois tanques, matando o condutor e o “gunner” e imobilizando o tanque. Fora feita uma torre mais lisa para ele depois disso, que era mais rápida de ser produzida, mais segura mais utilizava 20% mais material do que a torre Porsche.
Em janeiro de 1944 este marco da engenharia já estava em produção. Logo que foi avistado pelos ingleses, ganhou um apelido de respeito, “King Tiger”. Estar dentro de um Tiger II era um dos lugares mais seguros de se estar no final da guerra. Apesar de enorme por fora, devido sua blindagem descomunal, ele era apertado por dentro, mas comparado aos tanques russos, era uma suíte cinco estrelas. Seu canhão foi um marco da engenharia balística. Era sem duvida o melhor, mais letal e mais preciso canhão empregado em um tanque da segunda guerra. Tinha um rendimento de energia de 86% (isto é, a energia aproveitada da pólvora da cápsula.). Para se ter uma idéia deste numero, o canhão do M1 Abrams tem 92% de rendimento. O enorme comprimento do canhão dava precisão e velocidade ao disparo até então inédito em um tanque de guerra.
Mas ele estava muito longe de ser eficiente como os projetistas os viam. As modificações no motor não bastaram, e o Tiger II era extremamente lento. Sua torre era pesada e lenta. Seu tamanho exagerado era um estorvo quando estava na retaguarda, tampando estradas e ruas, e não era nada discreto enquanto avançava. Seu canhão era perfeito ao disparar, mas pagava-se um preço muito alto ao ter que manobra um gigante com um canhão saltado três metros para alem do tanque.
Aqueles que sabiam utilizar o tanque o utilizavam como fortaleza móvel, passando dias parados em um mesmo lugar seguro e efetuando seus disparos a distancia. Aqueles que fossem mais destemidos partisse para o combate, conseguiria até algum êxito, mas logo entalaria em alguma viela ou em alguma arvore e seria consumido pelo enxame de tanques aliados. E isso foi o que mais aconteceu. As tripulações de Tiger II eram capturadas por infantaria a pé porque ficaram presos em arvores, em nos destroços das cidades, ou atolado. Na verdade, poucos Tiger’s II foram efetivamente abatidos, já que isso demandava artilharia pesada. Logo o Tiger II tornou-se um elefante branco ainda pior que seu antecessor.
No final, dos quase 450 produzidos, menos de cem sobreviveram. Dos capturados, alguns foram para estudos no Estados Unidos, outros viraram sucatas e foram derretidos. A União Soviética utilizou alguns para fazer uma defesa estática momentânea, mas logo descartaram. Dez deles foram vendidos, junto com outros restos de guerra alemães, a paises árabes que se reconstruíam, mas a manutenção era difícil, e em 1950, apenas os canhões e os rádios eram aproveitados destes tanques, o resto foi derretido.
Resumindo, o Tiger II nasceu para ser um sucesso, mas era um fracasso. Apenas os alemães o compreendiam, e as outras nações que puseram as mãos nele o achavam grande, complicado e caro demais. Hoje restam poucos Tiger’s II em algumas coleções, e até hoje eles impressionam pelo tamanho, digno de seu nome, King Tiger, mas foi um rei que não teve seu reinado.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Usando Vallejo, parte 2.

Bom, esta semana, eu já disse o porque de usar as tintas da Vellejo, agora irei dizer como usa-las.
Para usa-las com pincel não há mistério. Um gotinha de model color, a mesma quantidade de solvente, misturar e usar, e para limpar o pincel, álcool. O solvente da Vallejo é um tipo de resina, e esta a venda por ai, e ele é ideal, pois é muito próximo, se não idêntico, ao solvente original da tinta. Mas na falta dele, álcool comum ou isopropílico podem ser usados, mas sem o mesmo resultado no acabamento. Se a superfície for grande e você precisar de bastante tinta, eu recomendo o “slow dry” da Vallejo mesmo, que é o retardador para Vallejo. Eu recomendo muito este material já que a Vallejo é bastante volátil e seca bem rápido. É importante também tratar da superfície a ser pintada. Se o plástico estiver engordurado de suor, a tinta vai escorregar por ele, e você só vai conseguir cobrir a superfície usando uma diluição muito grossa, jogando o acabamento no lixo. É importante tirar a gordura do kit. Você pode usar um pano com um pouquinho de benzina, ou água com um pouco de detergente, ou só água. Eu costumo, com muito cuidado sempre, colocar o kit embaixo da torneira de água quente e lavá-lo devagarzinho. Eu recomendo também utilizar primmer. O primmer bem aplicado não significa pintar o kit com ele. Alem de desperdiçar primmer, ele funciona melhor para segurar a tinta quando é aplicado uma fumaça de primmer, deixando a superfície levemente áspera.
Agora, para usar Vallejo com aerógrafo, é preciso uma certa preparação. Para começar, o aerógrafo tem que estar absolutamente limpo, sem nenhuma resíduo de thinner ou água raz. A Vallejo não pode, em hipótese alguma, entrar em contato com o thinner dentro do seu aerógrafo. A tinta empelota toda dentro do aerógrafo, e a limpeza disto torna-se uma epopéia. Para que isso não aconteça, se você utiliza tintas com thinner no aerógrafo faça o seguinte: Limpe bem seu aerógrafo, como você faz sempre, limpando bem agulha e nariz do aerógrafo, usando thinner ou qualquer outro produto que você utilize. Em seguida, encha o copinho do aerógrafo com álcool e espirre ele até o fim. Repita isso duas ou três vezes para certificar-se que todo o resíduo de thinner saiu do aerógrafo.
A Vallejo tem sua linha para aerógrafo, o model air, mas a model color também pode ser usada em aerógrafo. Na verdade, as tintas tem como principal deferência entre elas apenas a diluição. Então, o que vele para uma linha, vale para outra, apenas a razão de solvente é que vai mudar. A razão da model air é de 1:1 de solvente, enquanto a model color e de 1:3 de solvente. Coloque primeiramente no aerógrafo o solvente (aquele de resina que comentei acima ou menos recomendável, o álcool), em seguida coloque a tinta no aerógrafo respeitando a razão acima. Coloque também uma gota ou mais do “slow dry” Vallejo e misture com um palito. O Slow Dry é muito importante devido a já comentada volatilidade da tinta. A Vallejo seca muito rapidamente dentro do aerógrafo, acumulando na ponta da agulha e nariz. O slow dry ajuda neste sentido, deixando mais fácil o acerto da tinta.
Na hora da pintura, retire a coroa da ponta do aerógrafo. Alem de conseguir um traço mais fino sem a coroa, a inevitável, mesmo com o slow dry, que a tinta seque na ponta da agulha. Ai quando isto acontecer, basta que você tire com um pincel ou com a unha mesmo a tinta que que se acumular ali. Vai acontecer, por isso é mais pratico estar sem a coroa do aerógrafo para facilitar esta limpeza.
Duas dicas muito boas.
1ª- Tenha sempre um pedaço de papel para treinar o traço. Por mais experiente no hobby que você seja, mas esteja começando agora com a Vallejo, você pode estranhar um pouco no começo.
2ª- Uma dica que vale para todas as tintas, mas com a Vallejo e bom sempre estar fazendo. Tenha um pedaço de plástico a mãos para teste. Pode ser um kit velho, sucata de kit ou até mesmo resto de arvore de kit. Teste sempre a diluição da tinto no plástico para não ter surpresas desagradáveis na hora da pintura, como gotejamento ou espirros de tinta.
Estas duas dicas são muito importantes para quem usa Vallejo, porque sua diluição não é tão imediata como as outras tintas. Talvez seja necessário um acerto, diluindo ou engrossando a tinta no aerógrafo. A faixa de diluição da Vallejo é muito tênue, e para alcança-la leva tempo.
A limpeza do aerógrafo tem que ser bem cuidadosa. Principalmente se você pretende usar thinner no mesmo aerógrafo logo em seguida. Retire bem a tinta, limpe com álcool em abundancia, e espirre pelo aerógrafo dois ou três copos de álcool como foi feito antes.
Me desculpem, mas hoje não teremos fotos. No próximo posto eu atualizo s fotos do king tiger e do sb-17 e estarei contando um pouco a história do king tiger, esta arma impressionante dos alemães mas que conquistou sua fama mais por seu tamanha e imponência do que por sua eficiência.
Um grande abraço a todos e uma ótima semana.