segunda-feira, 30 de junho de 2008

Usando Vallejo.



O trabalho prossegue. A SB-17 vai bem, a passos lentos, mas já esta 50% recuperada. Após ter perdido todos os scribs da calda recuperando-a, pela primeira vez na minha vida eu tive que pegar um kit emprestado para poder ter um gabarito. A única coisa que me motiva a continuar é a beleza do avião a paixão que sinto por ele. E para não perder o pique, mantenho meu kit coringa, o king tiger.
Ao iniciar a pintura, decidi que iria faze-lo apenas com Vallejo. Esta escolha não é absolutamente obvia, e pra quem conhece a tinta sabe porque. Não que a tinta seja ruim, não vem ao caso. Eu prefiro dizer que é uma tinta “difícil”.
Mas se é uma tinta “difícil”, porque usa-la? Temos tanta outras tintas tão mais fáceis de se usar!
No Brasil, até há alguns anos atrás, tínhamos um déficit de tintas para o hobby, uma crise. Tínhamos poucas opções. Havia um punhado de tintas das marcas de kit, como tamiya, gunze, model master, revell e humbrol, e mais as tintas feitas aqui a base de dulco ou laca. As tintas da tamiya são boas, por um tempo foram as melhores, mas a tinta grudava na tampa, que tornava o vidrinho quase impossível de ser aberto, e quando, depois de muito esforço e mão machucada, descobria o vidrinho seco. As tintas da gunze então, eu perdi todas que eu tinha por secarem. As tintas model master são razoáveis, algumas especiais eu gosto como as metálicas, mas eu já perdi tinta devido a ferrugem da tampa e alguns tons básicos são fracos. Já as tintas a base de dulco e laca feitas aqui, enquanto uma minoria é muito boa, a maioria é feita de forma amadora, com tons diferentes aos originais que imitam, alem de serem feitas com componentes de baixa qualidade. Tais tintas fazem sucesso pela facilidade de uso e acabamento, mas não podemos esquecer que tais tintas são tóxicas.
Apesar de estar proibido, as marcas de thinner (necessário para diluir a tinta dulco) ainda se utilizam de benzeno na composição, produto altamente tóxico, e para dar volume no solvente, misturam água na composição. A água não só torna o thinner pior. Quando se cavita o thinner na ponta do aerógrafo, a fumaça que se formar contem o benzeno misturado com água. Naturalmente, ao inalar benzeno “puro”, de imediato, alvéolos não absorvem o benzeno, por ser tóxico, vindo a ser absorvido só quando a quantidade de benzeno no pulmão for muito grande. Quando o benzeno vem inalado com água, os alvéolos absorvem esta água quase de imediato, tornando então, mais fácil a absorção do benzeno. Os thinners que contem benzeno são aqueles de odor forte, que costumam dar dor de cabeça e permanecem no recinto por mais tempo. Para saber se o thinner que você usa contem água, basta pegar um pote, colocar uma quantidade razoável (um dedo de thiner) e deixar ele ali por um ou dois dias. O thinner é muito mais volátil que a água, e assim como o álcool, se evapora rapidamente. Se o thinner for de boa qualidade, depois de um tempo o pote deve estar completamente seco, caso contrario, a água do thinner ficará depositada no pote.
E bom lembrar também que tintas automotiva (dulco e laca) contem metais pesados na composição, principalmente chumbo, e nem é preciso dizer o que isso acarreta, e que usar mascaras de pano não resolvem o problema, apesar de ameniza-lo. Tais mascaras são desenvolvidas para partículas sólidas, como fuligem, serragem, pó de gesso e de mármore. Para se trabalhar seguramente com tais tintas são necessárias aquelas mascaras que possuem filtro, e o tal tem que estar com a validade em dia.
Mas ainda não foi respondia a pergunta, porque usar a Vallejo então?
O mais obvio seria dizer que é a tinta de qualidade mais abundante no pais ultimamente. Sua importação é constante e a gama de cores é abrangente e supre qualquer necessidade do modelista. Duvido que o modelista que esta lendo agora nunca tenha ficado com um kit parado na bancada por falta de tinta, eu já fiquei.
A vallejo e uma grande marca de tinta para artes em geral, e a alguns anos ingressou no ramo do modelismo. A marca pesquisou a fundo as cores a serem produzidas, utilizando inclusive documentos recuperados da segunda guerra, de ambos os lados, para a confecção das cores, alem de terem como consultores grandes modelistas europeus.
A tinta é acrílica, pode ser usanda dentro de casa tranqüilamente. O pote rende muito, mais muito mesmo. Com poucas gotinhas você consegue pintar um kit inteiro. E um detalhe que para mim talvez seja o principal, você pode usar a tinta no aerógrafo e retocar a pintura com um pincel usando a mesma tinta, se haver problemas de mudança de tom ou falha no acabamento, e ainda por cima, você faz economia de espaço, já que o tubinho e pequeno.
Como monto no meu quarto, no frio não posso utilizar tintas a base de thinner porque a janela não pode ficar muito tempo aberta, então minha opção são as tintas acrílicas. Não estou abolindo as tintas dulco, apesar de ter falado tão mal delas aqui, mesmo porque as tintas acrílicas, principalmente a vallejo, são tintas que necessitam uma adaptação do modelista e não são práticas como a dulco. Mas espero que um dia eu consiga fazer tudo, ou quase tudo, com a vallejo.
Esta semana estarei dando dicas sobre o uso desta tinta, que é tão amada e odiada pelos modelisats.
Um grande abraço a todos e uma boa semana.

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